quarta-feira, 3 de setembro de 2014

O pesadelo - PARTE 2* FIM!


O FIM DE TUDO*

(Porta a abrir) Tinha acabado de chegar casa, tentei não fazer barulho, entrar sem que ninguém desse por mim, casa velha, chão de madeira, a cada passo ringia um pouco mais… Caminhava devagarinho tentando que ninguém me visse, estava quase a chegar ao meu quarto, quando ouvi uma voz, era ele, dizia: “Então vadia, já chegas-te a casa? Vem cá ao papá, vem.”, não respondi, fingi simplesmente não ter ouvido, se calhar não fiz a coisa certa, abri devagar a porta do meu quarto, entrei, pousei as minhas e deitei-me na cama, cobri-me com os cobertores até á cabeça, estava frio lá, tinha passado mais um dia de inverno. Comecei a remexer-me um pouquinho, para tentar adormecer. Ouvi qualquer coisa, eram passos, passos no corredor, nisto, ouvi o ringido da porta do meu quarto a abrir, fiquei quietinha, tentando nem sequer respirar. Ele descobriu-me, agarrou-me pelo braço e puxou-me, não consegui fazer nada, estava toda dorida, cheia de marcas no corpo, tentei impedir, mas ele tinha mais força que eu, agarrou em mim e fez tudo o que quis, tal como das outras vezes… Quando acabou, começou a vestir-se, e eu, eu fiquei deitada na cama, ainda mais dorida, com nódoas no corpo, as lágrimas escorriam pela minha cara, queria gritar, mas nada saía, queria pedir ajuda e acabar com todo aquele pesadelo. Voltei a cobrir-me, e de tanto chorar, acabei por adormecer… Não sei bem que horas são, parece que ainda está escuro lá fora, tentei levantar-me, vesti-me, peguei numa mochila, em algumas roupas, fui á cozinha peguei em alguma comida, talvez o suficiente para 2 dias… Ele estava a dormir, não reparou que já estava acordada aquela hora, tudo estava sossegado, ouvia-se somente os meus passos…Abri a porta, muito devagar, ninguém reparou, saí. A chuva estava a cair, cada vez com mais força, não tinha grande coisa comigo, tentei correr, para sair daquele bairro, mas não consegui, estava tudo escuro lá fora. Bairro, muito problemático, de um lado, brancos a tentar explorar, do outro “Niggas” a roubar… Estava cheia de medo, não sabia para onde ir, só sabia que tinha de sair daquele sítio. Caminhei muito, horas talvez, o sol estava a nascer, deparei-me com um sítio, sítio esse que estava deserto, tinha apenas uma linha de comboio e uma casa abandonada, entrei, não tinha ninguém, fiquei ali bastante tempo, não sei quanto, comi e tirei aquela roupa molhada, o dia estava feio, não parava de chover… Já estava quase a anoitecer e eu decidi continuar a caminhar, mas, estava tão fraca, tão gelada que não iria aguentar muito mais…tinha noção que aquela hora ele já estaria á minha procura. “Nigga” dos “Niggas”, o grande “Boss”, era ele que mandava naquele bairro. Caminhei o quanto pude, o mais rápido que pude, não sei o que aconteceu, as minhas pernas fracassaram e eu caí, fechei os olhos e talvez…adormeci. (Abrindo lentamente os olhos) não consegui ver muito, doía-me a cabeça, e mal conseguia abrir os olhos. Ouvi uma voz, era ele, tentei mexer-me e pedir socorro, mas da minha boca só saiam gemidos, devia ter estado calada. Ele ouviu-me, veio ter comigo e voltou a bater-me, disse que desta nunca mais sairia daquela casa, se não, matava-me… Tive tanto medo… Mas não conseguia fazer nada… Fechei os olhos. Passou-se cerca de 4horas, acordei… Olhei á minha volta, não me lembrava daquele sítio, não me lembrava de quem era, lembrava-me apenas de uma cara, cara essa que aparecia sempre que eu fechava os olhos. Não sabia bem o que estaria ali a fazer, estava cheia de dores. Levantei-me daquela cama, olhei para o tapete, estava manchado de sangue, tentei perceber o que se tinha passado, mas não conseguia pensar. Olhei os meus pulsos, tinha-me cortado, cortes profundos, assim como nos meus braços e no resto do corpo, estava cheia de cicatrizes, manchas negras e sangue. Não reconheci aquela roupa, não era minha… Tinha voltado a fugir. Mas, não me lembro, lembro-me apenas daquela cara, desse homem me ter batido e depois de adormecer e acordar naquela casa. Abri a porta daquele suspeito quarto, vi ao fundo, sentada numa cadeira, á lareira uma senhora, era velhinha, não sabia se era real ou se estava a sonhar… Caminhei até ela, e ela, ela falou comigo, ajudou-me a corar as feridas, e voltou a dar-me outra roupa lavada. Ela contou que me encontrou, no meio de uma estrada no chão. Passei aquela noite, naquela casa… Mas na manhã seguinte, quando acordei, fui ter com a senhora e ela já lá não estava, tinha apenas um bilhete, um bilhete em cima da mesa que dizia: “Quando precisares de mim, eu lá estarei, lembra-te estarei sempre a teu lado.”, não percebi bem o que ela quis dizer com aquilo, decidi ficar naquela casa, até porque não sabia onde estava. Depois de ter passado aquele dia, fui dormir, deitei-me naquela cama, pequena cama, frágil e velha, tinha pouca roupa e a noite estava gelada, tentei ficar quietinha para me aquecer, fechei os olhos e tentei adormecer… (Gritos) Tive um pesadelo, não sei o que aquilo seria, parecia um sinal, uma mensagem, e aquela senhora, aquela velhinha, ela estava lá, estava no meu sonho, mas afinal o que se estava ali a passar? Suspirei, e voltei a fechar os olhos. Penso que já era de manhã, ouvi bater á porta, acordei, tive medo, levantei-me e fui ver, não vi ninguém… Voltaram a bater, algo estranho se estava a passar, desta vez não fui ver. Continuaram a bater á porta, cada vez com mais força, corri para a cozinha, peguei numa faca. (Arrombaram a porta) fiquei quieta num canto, para ninguém me ver, ouvi alguém disse: “Lindaaaa? Linda? Eu sei que estás aqui, vem ao papá…” comecei a chorar. Ele encontrou-me. Mais uma vez, iria passar por aquele pesadelo, ele estaria á minha procura, estava de costas para mim. Eu levantei-me devagar, ele virou-se, eu espetei-lhe a faca no peito e disse: “Como querias ser bom pai, se nem sequer és bom padrasto? Irás apodrecer, junto á folha do teu cadastro…MÃE E MANA , ISTO FOI POR VOÇES DESCANSEM EM PAZ <3
Olhei para cima, vi uma pequena névoa branca, era ela…
Ela que me ajudou, um espirito… Sorri, fui para casa, começar uma nova vida, uma vida melhor…
Não desistas de ti, és mais forte do que pensas.
FIM*
NÃO É UM RELATO REAL*

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